Academia Equilíbrio

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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Farmacêutico poderá prescrever remédio que não exige receita


Profissional poderá indicar analgésicos e plantas medicinais, por exemplo.
CFM diz que vai recorrer e defende que paciente faça consulta com médico.

Do G1, em São Paulo
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Uma nova resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) prevê que os farmacêuticos poderão prescrever remédios, mas apenas aqueles que não exigem receita médica, além de plantas medicinais, drogas vegetais e os fitoterápicos também isentos de prescrição.
A resolução deve ser publicada nesta quarta-feira (25) no Diário Oficial. O Conselho Federal de Medicina informou que aguarda a publicação para recorrer, já que defende que qualquer medicamento só deva ser prescrito após consulta com um médico.
“Se o farmacêutico também prescrever a medicação analgésica, deixa o paciente de ter a primeira chance de fazer qualquer diagnóstico de doença, porque uma simples dor de cabeça pode ser desde uma cefaleia comum ou um tumor cerebral”, disse o secretário do Conselho Federal de Medicina, Desiré Callegari, em entrevista ao Bom Dia Brasil.
“Estamos recomendando ao farmacêutico que se o quadro apresentar um estado de complicação que fuja à sua competência, ele está devidamente orientado a encaminhar a um profissional especializado”, explica Walter da Silva Jorge João, presidente do Conselho Federal de Farmácia.

Saiba como proteger a visão e evitar problemas no olho ao longo da vida


Bem Estar desta terça (24) mostrou os problemas comuns em cada idade.
Oftalmologistas alertam para alguns hábitos que podem prejudicar o olho.

Do G1, em São Paulo
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Cuidar dos olhos é um hábito que deve fazer parte de toda a vida. Isso porque a visão tende a diminuir com a idade e, por isso, é importante preservá-la para evitar problemas ao longo dos anos, como recomendaram os oftalmologistas Samir Bechara e Renato Neves no Bem Estar desta terça-feira (24).
Existem recomendações que valem para todas as idades, como evitar coçar os olhos, por exemplo, já que isso pode machucá-los e facilitar o surgimento do ceratocone, uma deformidade na córnea. Além disso, é preciso tomar cuidado na hora de usar o computador já que, nesse momento, a pessoa pisca menos e o olho pode ficar seco, como alertaram os oftalmologistas.
Confira abaixo quais os cuidados mais importantes em cada fase da vida:
0 aos 10 anos de idade
Nesse período, as crianças aprendem a enxergar e a visão é desenvolvida. Porém, esse aprendizado depende muito de condições adequadas e, caso ocorra algum estímulo errado, a criança pode ter ambliopia, um problema por causa do mau desenvolvimento da visão. Ela pode, portanto, aprender a enxergar do jeito errado e ficar “cega” de um dos olhos, o que pode ser o estrabismo ou um grau de óculos diferente.
Em caso de estrabismo, a criança precisa começar um tratamento com um tampão, que vai forçar o olho com problemas a enxergar direito. Quanto antes for feito isso, melhor, porque a correção só é possível até os 6 ou 8 anos de idade. Se não houver nenhuma queixa da criança, ela deve fazer a primeira visita ao oftalmologista entre os 3 e 4 anos, fase em que é possível examinar melhor e ouvir o que ela tem a dizer sobre sua visão. Depois disso, a visita pode ser feita em intervalos de 1 ou 2 anos.
10 aos 20 anos de idade
Essa é a fase em que costumam aparecer a miopia e o ceratocone. Na adolescência, os pais devem ficar atentos ao mau rendimento dos filhos na escola e às queixas de cansaço visual, embaçamento da visão, entre outros problemas.
Outro fator muito comum nessa época é o uso contínuo do computador, que faz o jovem forçar os olhos e piscar menos. Com a visão mais exposta, os olhos ficam mais secos, como explicou o oftalmologista Renato Neves. Para evitar isso, o ideal é fazer pausas do computador a cada hora para fazer bem não só para os olhos, mas também para a circulação do corpo e para as costas.
Bem Estar - Infográfico dá dicas para proteger os olhos ao usar o computador (Foto: Arte/G1)
20 aos 40 anos de idade
Nessa época, assim como em todas as outras, a dica é evitar o cigarro, que compromete a circulação sanguínea da retina, reduz a quantidade de antioxidantes no sangue e afeta a visão. Mesmo quem parou de fumar há 15 ou 20 anos apresenta mais chances de sofrer doenças oculares do que aqueles que nunca fumaram – por isso, quanto mais cedo o paciente parar, menores são as chances de doenças como a degeneração macular.
Para as mulheres, é preciso tomar cuidado com o prazo de validade da maquiagem. Depois do prazo, o produto pode sofrer modificações que causam alergia. As lentes de contato também exigem atenção porque se não forem bem higienizadas, podem irritar ou contaminar os olhos. Além disso, não é recomendado dormir com a lente nos olhos.
A automedicação também é perigosa porque pode agravar doenças oculares - por isso, é importante evitar remédios vendidos sem receita. Colírios com cortisona, por exemplo, aumentam a pressão ocular e podem levar ao glaucoma ou até mesmo à catarata precoce. Por isso, a lágrima artificial é o produto com menos risco, já que é uma espécie de colírio sem medicamentos. Na hora de aplicá-la, é preciso manter as mãos limpas e afastar a pálpebra dos olhos, como explicaram os oftalmologistas.
40 aos 50 anos de idade
A partir dessa época, é importante ir ao oftalmologista uma vez ao ano para fazer um simples exame de medir a pressão dos olhos.
Se a pressão estiver alta, pode levar ao glaucoma, doença silenciosa que pode causar cegueira irreversível, como mostrou a reportagem da Natália Ariede(veja no vídeo ao lado). Para ajudar a tratar isso, são usados colírios para diminuir a pressão ou, se isso não for suficiente, um tratamento com laser ou cirurgia.
O oftalmologista Samir Bechara alertou ainda que, a partir dos 40 anos, 99,9% da população tem a chamada “vista cansada” ou presbiopia, que é a dificuldade de enxergar de perto por perda da capacidade de foco, como aconteceu com o apresentador William Bonner. Isso acontece porque a lente dos olhos, o cristalino, vai perdendo sua capacidade com o envelhecimento. Para corrigir, existem dois tipos de cirurgia: com laser ou um implante de lentes, semelhante à cirurgia de catarata.
A partir dos 50 anos de idade
Nessa fase, aumentam as chances de doenças como catarata e degeneração macular, um problema na parte central da retina, responsável pela percepção de detalhes, formas e cores, como mostrou a reportagem da Renata Ribeiro (veja no vídeo ao lado).
Para diminuir o risco desse problema, é importante ter uma alimentação equilibrada e com boa quantidade de antioxidantes, substâncias que podem retardar o surgimento dessas doenças. Alimentos ricos em vitaminas A, E, D e zinco são importantes, assim como os ricos em luteína, que também protegem os olhos das lesões causadas pelos raios solares. Entre esses alimentos, estão a couve, espinafre, brócolis, milho, ervilhas e ovos, por exemplo.

Catarata (Foto: Arte/G1)

Seis dos municípios mais pobres do país não aderem ao Mais Médicos


Cidades estão entre as 32 com índice de desenvolvimento 'muito baixo'.
Programa Mais Médicos abriu vagas para profissionais em áreas carentes.

Rosanne D'Agostino*Do G1, em São Paulo
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Uma das ambulâncias está sucateada no pátio da Unidade de Saúde (Foto: Patrícia Andrade/G1)Em Caxingó (PI), há duas ambulâncias: um está sucateada. Município decidiu não se inscrever no Programa Mais Médicos porque prefere investimento em infraestrutura, segundo prefeitura (Foto: Patrícia Andrade/G1)
Seis das 32 cidades mais carentes do país – com índice de desenvolvimento humano (IDH)  “muito baixo”, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) – não se inscreveram no programa Mais Médicos, segundo cruzamento de dados feito pelo G1com dados do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Doença atingiu 14 alunos da escola municipal do povoado Cercadinho. (Foto: Jael Soares/ G1 Caruaru)Em Manari, pior IDH de Pernambuco, um surto de
hepatite infectou 14 alunos de escola municipal.
Prefeitura afirma que todos foram atendidos e que
médicos são suficientes ao município.
(Foto: Jael Soares/ G1 Caruaru)
O Mais Médicos foi criado para levar médicos aos municípios mais vulneráveis do país, mas os dados mostram que 320 dos 1.400 municípios com piores índices de desenvolvimento (baixo e muito baixo) não se inscreveram para receber os médicos. São áreas de IDH "baixo" e "muito baixo", segundo o Pnud, a maioria na Paraíba (78), Maranhão (35), Alagoas (32) e Piauí (30).
G1 procurou os gestores das seis cidades e foi até as duas de pior IDH que não se inscreveram: Manari (PE) e Caxingó (PI). Apesar da realidade social precária, as prefeituras alegam não precisar de mais médicos. Caxingó diz que a vinda de mais um profissional comprometeria as finanças municipais.
Ipixuna do Pará (PA) e Cachoeira do Piriá (PA) também afirmam ser "muito caro" manter o novo médico. Já as prefeituras de Jordão (AC), Chaves (PA) e também de Ipixuna do Pará disseram que não conseguiram efetuar o cadastro em nenhuma das etapas do programa.
Para participar do Mais Médicos, as cidades devem atender a um dos requisitos definidos pelo Ministério da Saúde: demostrar que 20% de sua população é vulnerável; estar entre os cem municípios com os mais baixos níveis de receita pública per capita; estar situado em distrito especial indígena, ser capital ou estar em região metropolitana.
O Ministério da Saúde afirma que o Programa Mais Médicos tem como objetivo ampliar o atendimento nas unidades básicas de saúde. “O programa é uma resposta à demanda dos próprios prefeitos, que não conseguiam contratar médicos para atuar nos municípios, principalmente municípios do interior” e “até o momento, 4.025 municípios já aderiram ao programa”, diz em nota. A pasta também afirma que não detectou problemas de inscrição de cidades,  mas que ainda apura o que ocorreu nesses municípios.
caxingó ficha (Foto: Arte/G1)
Muito caro
“Nossa cidade é uma cidade sem arrecadação. Perderíamos recurso”, afirma o secretário de Saúde de Caxingó (PI), de 5 mil habitantes, Antonio Bruno Fontinele da Silva, sobre o Mais Médicos.
“Nós teríamos que arcar com despesas de alimentação, hospedagem e deslocamento para manter esse profissional e não temos de onde tirar. Já gastamos além dos 15% destinados à saúde para dar conta das equipes e unidades de atendimento que temos na cidade”, disse a prefeita Rita Sobrinho (PT).
Para Organização Mundial de Saúde (OMS) ideal é ter 1 médico a cada mil habitantes. Segundo o governo, o Brasil possui 1,8 médico para mil habitantes, número baixo comparado a Argentina (3,2) e Espanha (4). Classe médica diz que não há escassez de profissionais, e sim, má distribuição.
Segundo o secretário, os profissionais que atuam hoje na cidade são suficientes para realizar todo o atendimento básico e os casos urgentes são encaminhados ao hospital de Parnaíba, município de 150 mil habitantes, a cerca de 1h30 de distância, que atende outras nove cidades vizinhas.
“Lá, para conseguir um ultrassom, não consegue marcar. Tudo é uma questão de equipamento. Os profissionais não têm como fazer milagre”, defende.
“A gente acha um contrassenso. O governo pensa que é só colocar médico. Pegamos unidades completamente sucateadas. Não tinha nem balança. O problema não é médico. Não tem a infraestrutura”, reclama Silva.
Prefeitura diz que não há carência de médicos, mas de estrutura e equipamentos (Foto: Patrícia Andrade/G1)Prefeitura de Caxingó diz que não há carência de médicos, mas de equipamentos (Foto: Patrícia Andrade/G1)
O Ministério da Saúde afirma também que, "além de pagar diretamente pelo médico, ainda repassa mais R$ 4 mil para o município compor a equipe de saúde da família". "O Ministério da Saúde fará o pagamento da bolsa diretamente ao médico, no valor de R$ 10 mil. Antes, os municípios que tinham que contratar os médicos diretamente e arcar com esse custo. Agora, esse custo será federal e os municípios ficam a cargo de alimentação e moradia desses profissionais."
Especificamente no Piauí, foram investidos R$ 67,7 milhões para obras em 507 unidades de saúde e R$ 18 milhões para compra de equipamentos para 98 unidades. “Também foram aplicados R$ 26,3 milhões para construção de 12 UPAs e R$ 93,7 milhões para reforma/construção de 10 hospitais”, diz a pasta em nota.
cachoeira de piriá ficha (Foto: Arte/G1)
Gastos extras
Cachoeira do Piriá (PA) também diz não ter recursos financeiros para receber um profissional do Mais Médicos. A cidade, assim como todas as seis não incluídas no programa, tem a maior parte de sua população na zona rural.
“Não temos condições de manter um médico na zona rural de segunda a sexta. É muito caro. Ele teria que se deslocar 100 quilômetros na terra batida, três horas, para atender”, afirma o secretário de Saúde, Tellyson Araújo. “Isso giraria em torno de R$ 4 mil por mês a mais em cada posto, é um negócio que não está atraindo.”
Não temos condições de manter um médico na zona rural de segunda a sexta. É muito caro"
Tellyson Araújo, secretário de Saúde de Cachoeira do Piriá
A cidade tem seis postos e seis médicos, mas não possui hospital, ambulância e nenhuma condição para que um exame mais complexo seja realizado por seus 26,5 mil habitantes. “O médico aqui não vai realizar um bom trabalho. Não vai ter como passar medicamento, exame. Para fazer um ultrassom são dois, três meses”, afirma o secretário.
O gestor afirma, no entanto, que o município se inscreveria no programa caso o governo aumentasse a contrapartida em infraestrutura. “Tinha que ser os dois, médico e estrutura. Falta complementar o programa. Os médicos querem vir, pagando ele vem. Aí não tem dúvida que a gente ia se inscrever”, completa.
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que, no Pará, foram investidos R$ 67,7 milhões para obras em 507 unidades de saúde e R$ 18 milhões para compra de equipamentos para 98 unidades. Também foram aplicados R$ 26,3 milhões para construção de 12 UPAs e R$ 93,7 milhões para reforma/construção de 10 hospitais.
Hepatite
Em meio a um surto de hepatite, a cidade de Manari, no Sertão Pernambucano, tem pior IDH de Pernambuco. O G1 foi até o município, onde encontrou postos de saúde onde não há médicos todos os dias, relatos de mortalidade infantil e uma escola onde 14 crianças haviam contraído hepatite A.
manari (Foto: Arte/G1)
A coordenadora interina da Atenção Básica de Saúde, Marília Carla de Oliveira, afirmou que "não existe a necessidade de solicitar [Mais Médicos]". "Profissionais a mais não fariam diferença, pois a escala de médicos da saúde básica está completa", disse.
Depois que a equipe de reportagem havia retornado do município, a secretária de Saúde, Sibele Monteiro, se manifestou em nota. Segundo ela, "o município ainda não aderiu ao Mais Médicos, pois estávamos negociando com os brasileiros mesmo". "Mas como está difícil encontrarmos, estamos pensando, sim, em aderir ao programa", informou.
Esgoto e lixo próximos ao único hospital de Manari, cuja taxa de urbanização é 21,11%. (Foto: Jael Soares/ G1 Caruaru)Esgoto e lixo próximos ao único hospital de Manari
(Foto: Jael Soares/ G1 Caruaru)
A agricultora Maria Santina da Silva, de 65 anos, mora no povoado Alto Vermelho, em Manari, contou sofrer de pressão alta, mas não conseguiu atendimento médico na Casa de Saúde João Paulo II, em janeiro. "Tive que viajar para Tupanatinga [a 38 km de distância] em carro fretado", diz. Segundo ela, dos 17 filhos que teve, apenas cinco sobreviveram. “Dos que morreram, só um chegou a fazer um ano, por causa das dificuldades”, relata.
Manari tem um dos piores índices de mortalidade infantil do país: 41,1 crianças que não vão sobreviver ao primeiro ano de idade a cada mil nascidas vivas. A média brasileira é de 16,7.
Para o atendimento básico, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que existem três médicos para quatro postos, mas que serão construídos mais quatro postos. Segundo a secretária, no entanto, o Ministério da Saúde poderia ajudar mais o município “na liberação de equipamentos, remédios, exames”. Sobre o surto de hepatite, ela diz que todos os casos estão sendo acompanhados por equipes de saúde da família e que aguarda laudos sobre possível contaminação da água na cidade.
Para Pernambuco, o Ministério da Saúde informou que realizou investimentos de R$ 117,4 milhões para obras em 824 unidades de saúde e R$ 5 milhões para compra de equipamentos para 166 unidades. Também foram aplicados R$ 24 milhões para construção de 15 UPAs e R$ 101,3 milhões para reforma/construção de 40 hospitais.
ipixuna do pará (Foto: Arte/G1)
Sacrifício
Já em Ipixuna do Pará (PA), o secretário Stelio Junior afirma que iria pedir pelo menos dois médicos, mas não conseguiu fazer a inscrição. É o município mais populoso entre os de pior IDH que não se inscreveram no Mais Médicos: 51.309 habitantes. “Passamos as 48 horas antes do encerramento tentando acessar o sistema”, afirma.
Segundo a prefeitura, no entanto, o investimento seria “sacrifício” para a cidade, que conta hoje com oito médicos e nove unidades de saúde. “Teria que ter outra equipe de retaguarda para trabalhar com esses médicos”, afirma Junior.
Aqui é diferente de outras cidades, a população é concentrada na zona rural. Isso encarece o custo de tratamento, ações ficam mais caras e mais complexas."
Stelio Junior, secretário de Saúde de Ipixuna do Pará
"Aqui é diferente de outras cidades, a população é concentrada na zona rural. Isso encarece o custo de tratamento, ações ficam mais caras e mais complexas. Temos uma comunidade a 170 quilômetros para atender. Precisa pagar alimentação, combustível, motorista para esse médico chegar lá”, argumenta.
No Pará, o ministério diz que já foram investidos R$ 109,8 milhões para obras em 711 unidades de saúde e R$ 4,9 milhões para compra de equipamentos para 119 unidades. "Também foram aplicados R$ 57,3 milhões para construção de 33 UPAs e R$ 38 milhões para reforma/construção de 24 hospitais", diz em nota.
Falha
Em Jordão, no Acre, também houve problema na inscrição, segundo o secretário de Saúde, Antonio Cleidinei da Silva Castro. No município, 58% dos domicílios não tem acesso a energia elétrica e quase 70% está na linha da pobreza.
jordão (Foto: Arte/G1)
“Mandei vários e-mails. Tenho até número de protocolo. Foi um problema no ministério, liguei no 136, mas até agora nada. Aqui a internet, telefone, é muito ruim. Mas vamos tentar entrar na próxima chamada”, afirma Castro.
Segundo o secretário, há postos de atendimento suficientes, mas o salário de R$ 8 mil, pagos pelo município, não atrai os profissionais. “Precisamos de dois médicos. Temos dois, mas um pediu aviso prévio. Eles falam que têm propostas maiores em outros municípios. A gente fica dependendo de favor deles”, diz.
São 6.577 habitantes, mais da metade na zona rural. “Nossa esperança é conseguir aderir por pelo menos mais um médico. Se não der certo na próxima, tem que correr atrás. Se não convencer, procura outro. Não pode é parar o serviço”, afirma o secretário, que vai tentar nova inscrição na próxima fase.
Para os gestores, seria preciso uma contrapartida maior para que mais médicos pudessem ser contratados. “Nossas unidades estão sendo reformadas com recurso do Ministério da Saúde, mas ainda é muito pouco para ter medicamento, equipamentos. O programa não resolve. É uma medida emergencial que precisa ser complementada com outras ações, em curto médio e longo prazo”, avalia Junior.
"Já foram investidos R$ 22,3 milhões para obras em 95 unidades de saúde e R$ 6,8 milhões para compra de equipamentos para 91 unidades. Também foram aplicados R$ 5,9 milhões para construção de 3 UPAs e R$ 70,1 milhões para reforma/construção de 18 hospitais", diz o Ministério da Saúde.
chaves ficha (Foto: Arte/G1)
Cadastro
Em Chaves (PA), às margens do Rio Amazonas, a prefeita Solange Lobato desligou o telefone depois que a repórter doG1 se identificou e não atendeu mais. Antes, Angelino Lobato, identificado como assessor, afirmou que o município se cadastrou no programa, mas que o cadastro falhou. “Não sabemos o que aconteceu.”
A administração é alvo de ação na Justiça Federal do Pará por irregularidades no Sistema Único de Saúde (SUS), baseada em relatório do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), que constatou remédios vencidos, falta de vacinas, nenhum atendimento odontológico, tendência de aumento de casos de malária e até material hospitalar em um banheiro de uma unidade mista de saúde.
Segundo o procurador regional dos direitos do cidadão, Alan Rogério Mansur Silva, que entrou com a ação civil pública, a situação é de “caos” em alguns municípios mais distantes no Pará. Em alguns só é possível chegar por via fluvial. Em Chaves, 85,3% dos domicílios não possuem abastecimento de água ou tratamento de esgoto adequados.
“É a falta de estrutura de trabalho e falta de profissional também, porque o médico sozinho não faz nada”, afirma. “Nessas cidades temos a ‘ambulancioterapia’: coloca na ambulância e manda para Belém.”
G1 voltou a entrar em contato com a prefeitura de Chaves, mas não obteve retorno até a publicação.
(*Colaboraram Jael Soares, do G1 PE, e Patrícia Andrade, do G1 PI)

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Contágios por HIV têm queda de 33% no mundo desde 2001, diz Unaids


Relatório aponta uma redução ainda maior entre crianças, com 52%.
Em 2012, foram 2,3 milhões de casos, contra 3,4 milhões em 2001.

Do G1, em São Paulo
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O número de casos novos de contágio por HIV caiu 33% em todo o mundo desde 2001, aponta o relatório de 2013 do Programa das Nações Unidas para o HIV/Aids (Unaids), divulgado em Genebra nesta segunda-feira (23).
A redução de contágios foi ainda mais acentuada entre crianças, com uma baixa de 52%.
Em números absolutos, foram registrados 2,3 milhões de transmissões em 2012, contra 3,4 milhões em 2001, segundo o documento da Unaids.
A tendência geral também é percebida na América Latina, com 86 mil novos casos registrados em 2012, contra 97 mil em 2001.
"O número anual de contágios por HIV continua caindo, com reduções mais importantes no caso das crianças", destacou o diretor executivo da Unaids, Michel Sidibe, à agência de notícias France Presse.
No ano passado, foram contabilizados 260 mil novos contágios em crianças em todo o planeta, contra cerca de 541 mil em 2001.
O relatório também ressalta os esforços para fornecer tratamento antirretroviral às mulheres grávidas soropositivas na tentativa de evitar a transmissão de HIV aos bebês. Graças a essas políticas, o mundo evitou a infecção de 670 mil crianças, calcula o documento.
No Brasil
O relatório da Unaids mostra ainda que, no Brasil, o total da população entre 15 e 49 anos contaminada com HIV não mudou entre 2001 e 2012, mantendo-se entre 0,4% e 0,5%. Em números absolutos, porém, houve um aumento de uma estimativa de 430 mil a 520 mil pessoas infectadas em 2001 para um intervalo de 530 mil a 660 mil no ano passado.
Já as mortes pelo vírus da Aids caíram no Brasil nesse período. Em 2001, entre 18 mil e 27 mil pessoas morreram pela doença, contra um intervalo de 11 mil a 19 mil em 2012 – uma queda de 30% até 39%, considerando-se as duas margens.
Entre os profissionais do sexo do país, 5,2% viviam com HIV em 2009, contra 4,9% em 2012. E a porcentagem de homens que relataram ter usado camisinha na última relação sexual anal que tiveram com outro homem subiu de 48% em 2009 para 60% em 2012. Além disso, 12,6% dos homens homossexuais brasileiros viviam com HIV em 2009, contra 10,5% em 2012.
O número de infectados pelo vírus da Aids entre pessoas que usam drogas injetáveis no país não se alterou: ficou em 5,9% em 2009 e 2012.
A Unaids também estima que entre 320 mil e 370 mil brasileiros adultos recebam ou precisem do tratamento antirretroviral.
América Latina, África e Ásia
Na América Latina, quase 15 mil mulheres soropositivas recebem tratamento antirretroviral para evitar a transmissão do vírus aos filhos, o que representa 83% das mulheres grávidas que vivem com HIV na região.
A probabilidade de uma mulher grávida soropositiva infectar o filho era de 31% em 2009 em todo o mundo, mas em 2012 o risco caiu para 9%. A meta global para 2015 é obter uma redução de 90% dos contágios entre as crianças, um objetivo possível, segundo a Unaids.
No final de 2012, quase 9,7 milhões de pessoas nos países de baixa e média rendas tinham acesso aos antirretrovirais, um aumento de 20% na comparação com 2011. O objetivo fixado pela ONU para 2015 é levar o tratamento do HIV a 15 milhões de pessoas nos países mais pobres.
"Não apenas estamos em condições de alcançar esse objetivo, mas temos que ir além: ter a visão e o compromisso de que não estamos deixando ninguém para trás", afirmou o diretor da Unaids no documento.
Essa meta pode parecer ambiciosa, levando em consideração os recursos financeiros disponíveis. Isso porque as doações internacionais permanecem estagnadas desde 2008 em consequência da crise econômica. Apesar disso, a verba destinada ao combate ao HIV nos países mais afetados tem aumentado nos últimos anos.
O total de recursos disponíveis para o HIV em 2012 alcançou US$ 18,9 bilhões (R$ 41,7 bilhões). E a ONU espera elevar a quantia a US$ 24 bilhões (R$ 53 bilhões) em 2015.
"Se não pagarmos hoje, pagaremos mais tarde, pagaremos para sempre", advertiu Sidibe.
Segundo estimativas da Unaids, em 2012 havia 35,3 milhões de pessoas vivendo com o HIV. Desde o início da pandemia, 75 milhões de pessoas contraíram a infecção.
A África Subsaariana é a região com mais infectados por HIV no mundo: 25 milhões de pessoas, sendo 2,9 milhões crianças, e também com o maior número de novas infecções em 2012 – 1,6 milhão de pessoas (230 mil crianças) – e de mortes relacionadas com a doença – quase 1,2 milhão.
Em seguida, aparece a região do Sudeste Asiático, com 3,9 milhões de infectados pelo HIV (200 mil crianças). A América Latina tem 1,5 milhão de infectados (40 mil crianças), enquanto Europa e a América do Norte registram 1,3 milhão de infectados cada.