Academia Equilíbrio

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sábado, 12 de maio de 2012

Futuras mães fazem exercícios com supervisão de 'personal gestante'



Médicos condenam dieta durante a gravidez e a amamentação.
Veja algumas dicas para manter o peso e a saúde após a maternidade.

Luna D'AlamaDo G1, em São Paulo
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Para reforçar a opinião de que gravidez não é doença e pode, sim, incluir uma atividade física, um novo profissional surgiu no mercado: o "personal gestante". Especializada nessa área, a professora Gizele Monteiro trabalha desde 2006 em São Paulo com futuras mães e mulheres no pós-parto. Hoje ela não dá mais aulas, mas coordena uma equipe de 70 pessoas, que atuam em outras seis capitais e até em Portugal, na casa de clientes e em academias.
“Meu objetivo é mudar o conceito de que grávida só pode fazer hidroginástica. Nossas alunas praticam caminhadas, musculação, alongamento, trabalho postural, ioga e pilates adaptados”, cita Gizele, que lembra que a gestante deve sempre passar por uma avaliação médica antes de iniciar a atividade.
“Controlo a temperatura e a frequência cardíaca delas. A primeira deve ficar em até 38,5° C e a segunda, em 70% do limite máximo ou 140 batimentos por minuto”, afirma. Cada aula custa cerca de R$ 100, mas há pacotes especiais para grupos e períodos prolongados.
As mulheres atendidas pelo personal gestante se exercitam de duas a três vezes por semana, entre 45 minutos e 1 hora. Com isso, evitam dores nas costas, fortalecem as pernas para aguentar o peso do corpo e os braços para segurar o bebê, aumentam a disposição e previnem até a depressão pós-parto.
A gerente de sistemas Daniela Calaes, de 35 anos, é uma das alunas da professora Melissa Cirello, da equipe de Gizele. Grávida de oito meses de Leonardo, ela se exercita há três, com aulas três vezes por semana que incluem uma parte aeróbica, na esteira, musculação e hidroginástica na piscina do prédio onde mora.
Gizele personal valendo (Foto: Arquivo pessoal)A educadora física Gizele Monteiro (esq., de vermelho) coordena equipe de 'personal gestantes' . À dir., a gerente de sistemas Daniela Calaes se exercita com a orientação de colega de Gizele (Foto: Arquivo pessoal)
"Com a facilidade de virem até a minha casa, não tem desculpa para a preguiça, apenas abro a porta quando toca a campainha. Engordei além do esperado no começo da gestação e, com a atividade, dei uma segurada no peso. Também aumentei minha disposição, não sinto sono nem dores, me sinto mais bonita e até esqueço de que estou grávida", conta Daniela, que ganhou 11 kg ao todo, passando de 53 kg para 64 kg, em 1,61 m de altura. Ela pretende fazer parto normal e também usa o exercício para se preparar para esse momento.
Segundo o educador físico Mauro Guiselini, exercícios cansativos como corridas, saltos, vôlei e basquete podem elevar a pressão arterial, o risco de aborto nos três primeiros meses e o de parto prematuro. Por isso, é importante fazer um check-up durante e depois da gravidez. Ao menor sinal de dor ou falta de ar, deve-se interromper a atividade.
A intensidade do exercício deve ser compatível com condicionamento físico da gestante. O ideal são movimentos leves a moderados,
de baixo impacto"
Mauro Guiselini,
educador físico
“A intensidade deve ser compatível com o condicionamento físico da gestante. O ideal são movimentos leves a moderados, de baixo impacto. Devem-se evitar altas cargas na musculação e alongamentos com grandes amplitudes, que chegam ao limite das articulações”, alerta Guiselini.
Esse é, portanto, um período mais de manutenção que de ganhos, e a dança pode ser uma ótima opção, de acordo com o educador. Se a mulher ficar mais de quatro meses sem se exercitar, porém, já será considerada sedentária e precisará recomeçar aos poucos, com paciência para voltar à carga anterior à gestação.
Continuar ativa inclusive durante a gravidez pode evitar um considerável ganho de peso, que muitas vezes persiste pelo resto da vida. Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, a gestação pode ser o limite para uma mulher ficar com sobrepeso ou se tornar obesa para sempre. Por isso, o médico indica que a mulher se segure, mas não demais, para que o bebê não nasça nem muito gordo nem muito magro. “Os dois extremos podem favorecer a obesidade da criança na vida adulta”, diz.
O que muda
durante a  gravidez?
Por quê?
EstriasSurgem por uma ruptura das fibras de colágeno da pele, que se distende muito nessa fase. Não ganhar peso demais e hidratar bem a região com cremes (sem ureia) e óleos ajudam.
CelulitePiora com as alterações hormonais da gestação e com a retenção de líquido que pode ocorrer. Para amenizar, existe a drenagem linfática, mas grávidas só podem fazer nas pernas.
InchaçoÉ causado pelo excesso de sal na alimentação ou pelo ganho exagerado de peso.
Gases e prisão de ventrePodem ocorrer por alterações hormonais, que deixam o intestino mais preguiçoso. Aumente a ingestão de fibras em caso de prisão de ventre e evite alimentos que dão gases.
EnjooÉ mais comum no primeiro trimestre de gravidez, por ação hormonal e porque a digestão fica mais lenta. Também pode ocorrer ao longo dos nove meses porque o bebê pressiona os órgãos abdominais, inclusive o estômago.
PelePode melhorar e ficar com mais brilho, mas também manchar mais, pela ação dos hormônios femininos (estrógeno e progesterona). Pintas, mamilos e a linha do umbigo também podem escurecer. Use protetor solar com no mínimo FPS 30. Outro problema é para a mulher que tem ovários policísticos e controla o problema com pílula. Parando de tomar, a acne volta. E é proibido tomar isotretinoína durante a gravidez.
CabeloEm geral, melhora no período gestacional e costuma cair dois ou três meses após o parto, por uma ação hormonal. Depois, nasce saudável de novo. Um alerta importante é que não se deve aplicar nenhuma tintura ou alisante ao longo dos nove meses.
Dor nas costasPor uma mudança na posição corporal, que puxa a barriga para a frente, e pelo excesso de peso do ventre, a futura mãe pode sentir dor na coluna. Fazer reeducação postural, natação, caminhadas, ioga e massagens podem amenizar o incômodo.
Incontinência urináriaO aumento do útero comprime a bexiga, que muda de posição, e torna difícil segurar o xixi por muito tempo.
Problemas respiratóriosBronquite, asma e alergias nas vias aéreas podem aliviar ou piorar durante a gravidez, porque o diafragma muda de posição e a mulher respira de forma diferente. Por outro lado, pode haver mais falta de ar. Doenças autoimunes também tendem a melhorar nessa fase.
LibidoÉ um problema tanto de ordem emocional como hormonal. Na gestação, a mulher se direciona mais para o bebê e pode ficar com medo de abortar se fizer sexo. Mas também há grávidas que relaxam mais nesse período e melhoram a relação com o parceiro, porque não precisam se preocupar com o período fértil.
Estado emocionalA mulher costuma ficar mais radiante e feliz durante a gravidez, mas também há o risco de depressão pós-parto.
No caso da gaúcha Queila dos Santos, de 28 anos, engravidar por duas vezes significou, além da experiência única de ser mãe, saltar da faixa do sobrepeso para a da obesidade.
Antes de esperar as filhas Queisy, de 10 anos, e Bianca, de 4, a funcionária de uma empresa de computadores em Porto Alegre pesava 70 kg. Hoje, tem 102 kg, em 1,58 m de altura.
“Sou muito ansiosa, belisquei demais na gestação. Na primeira, engordei 30 kg e, na seguinte, foram 26 kg”, conta Queila. Nessa segunda experiência, ela jura que tentou manter hábitos mais saudáveis, mas na balança pouca coisa mudou.
Equilíbrio na gravidez
Casos como o de Queila são extremamente comuns e alvo de grande preocupação entre as mulheres, que muitas vezes desejam ter mais filhos, mas temem mudar a forma ou acabam fazendo regimes com restrição calórica durante a gestação e o aleitamento, o que é condenado por médicos e nutricionistas.
“Não se recomenda dieta para grávidas nem lactantes, mas equilíbrio. A favor, a mulher tem um gasto diário de pelo menos 500 calorias durante a amamentação”, explica a nutricionista Rosana Raele, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Se a gestante resolve emagrecer ao longo dos nove meses e logo após dar à luz, a criança pode ter um crescimento inadequado, porque a mãe funciona como um vetor de nutrientes, como proteínas animais e vegetais, ferro e cálcio, necessários para a formação dos músculos, sangue e ossos, respectivamente.
Caso a mãe tenha uma ingestão inadequada dessas substâncias, pode haver prejuízos para ela mesma, já que o bebê costuma sugar o que existe no corpo da mulher. “A criança sempre ‘rouba’ o que precisa”, diz a ginecologista e obstetra Ceci Lopes, do Hospital das Clínicas em São Paulo.
Segundo a médica, o aumento de peso na gravidez é individual e depende do patamar inicial. Em geral, a faixa considerada saudável varia de 9 kg a 12 kg, ou seja, ganhar entre 1 kg e 1,5 kg por mês. Portanto, não vale comer por dois.
Priscila (Foto: Arquivo pessoal)A administradora Priscila Rocha, de Santos (SP), engordou 14 kg na gravidez de Miguel, mas voltou ao peso normal em apenas um mês. Após um ano do parto, ela continua amamentando o filho (Foto: Arquivo pessoal)
“Devemos considerar que um bebê normal pesa de 2,5 kg a 3,5 kg. O líquido amniótico tem até 1,5 l, o útero com a placenta e tudo o mais pesa até 1,5 kg, e há no máximo 3 kg por retenção de líquidos e inchaço. Isso tudo dá cerca de 10 kg – o resto vai para a mulher”, contabiliza Ceci.
Além de aumentar a ingestão de frutas, verduras, legumes, fibras e vitaminas, a grávida e a lactante precisam tomar muita água e líquidos em geral. Se não quiserem engordar muito, também devem controlar a quantidade de doces, carboidratos e gorduras na alimentação.
Comer demais vira compensação por dormir mal, estar cansada. A dica é fazer lanches saudáveis nos horários certos"
Mônica Beyruti,
nutricionista
A nutricionista Mônica Beyruti reforça que o maior perigo para as mães que passam muito tempo em casa nesse período são as tentações e as “beliscadinhas” várias vezes por dia.
“Comer demais vira uma compensação por dormir mal, estar cansada. Por isso, é importante programar as refeições e prestar atenção ao que se está comendo. A dica é fazer lanches saudáveis nos horários certos”, destaca.
A partir do quarto mês após o parto, de acordo com Mônica, a mulher pode procurar um nutricionista ou médico para obter uma orientação mais adequada.
Denise (Foto: Arquivo pessoal)A pediatra Denise Lellis está grávida de nove meses de Mariana, a quem dará à luz na próxima segunda (14), logo após o Dia das Mães, data em que passará com o filho Miguel (dir.) e o marido (Foto: Arquivo pessoal)
Bons exemplos 
A administradora Priscila Rocha, de 32 anos, ganhou Miguel há 1 ano e 1 mês. Engordou 14 kg na gravidez e um mês após o parto retornou ao peso anterior: 60 kg, em 1,80 m de altura.
“Consumi muitas frutas, legumes, sucos e água. Não tomei refrigerante e só comi doces uma vez ou outra. Também fazia caminhadas e amamentei exclusivamente por seis meses”, lembra a moradora de Santos (SP), que sempre foi magra, mas hoje se alimenta melhor, porque acaba ingerindo o mesmo que prepara para o filho.
Miguel continua mamando, e algo que também ajudou a mãe a emagrecer foi viver correndo atrás dele depois que aprendeu a andar.
A favor, a mulher tem um gasto diário de pelo menos 500 calorias durante a amamentação"
 
Rosana Raele,
nutricionista
Outra história a ser seguida é a da pediatra Denise Lellis, de 36 anos, que está no último mês de gravidez de Mariana, a quem dará à luz na próxima segunda-feira (14), logo depois do Dia das Mães. A médica já é mãe de Miguel, de 1 ano e meio, e engordou 12,5 kg nas duas gestações.
“Nos dez primeiros dias após o parto dele, com a amamentação, perdi 7 kg. Logo voltei para o peso normal: 53 kg em 1,65 m de altura”, diz.
Denise conta que sempre manteve uma alimentação saudável e não fez grandes alterações nessa fase. A única mudança maior foi se regrar a comer de 3h em 3h. Ela não se exercitou durante a gestação, porque já não fazia isso antes e, segundo acredita, uma mulher sedentária não pode virar atleta quando engravida.
O que a pediatra realmente ganhou, além do amor de mãe, foi mais maturidade na profissão. “A experiência da maternidade é sem igual e vale muito mais do que uma faculdade no que diz respeito a se colocar no lugar das mães, saber de fato o que elas estão sentindo, as dificuldades na amamentação, as cólicas do bebê. Entendi a necessidade que as pacientes têm de ligar e, por isso, me tornei mais disponível”, revela.

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