Academia Equilíbrio

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terça-feira, 30 de abril de 2013

Cientistas criam 'pele inteligente' que sente pressão



Sensores seriam capazes de sentir pressão como a ponta dos dedos.

Da BBC
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Película pode ajudar no desenvolvimento de robôs com um melhor tato (Foto: Georgia Tech Photo/Gary Meek/BBC)Película pode ajudar no desenvolvimento de robôs
com um melhor tato
(Foto: Georgia Tech Photo/Gary Meek/BBC)
Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos e da China criou um dispositivo semelhante a uma película que pode sentir pressão da mesma forma que a ponta de um dedo e que pode acelerar o desenvolvimento de uma pele artificial mais parecida com a humana.
Os pesquisadores construíram uma série de 8 mil transístores usando feixes de nanofios de óxido de zinco. Cada um dos transístores pode, de forma independente, produzir um sinal eletrônico quando submetido à pressão mecânica.
Os transístores sensíveis ao toque, chamados de taxels, têm uma sensibilidade comparável à da ponta de um dedo humano.
"Qualquer movimento, como o movimento dos braços ou dos dedos de um robô, pode ser traduzido para sinais de controle", afirmou Zhong Lin Wang, professor no Instituto de Tecnologia do Estado americano da Geórgia, a Georgia Tech.
"Isto pode tornar a película mais inteligente e mais parecida com a pele humana. Vai permitir que a película sinta a atividade em sua superfície", acrescentou.
Fenômeno diferente
Cientistas têm tentado imitar o tato humano medindo mudanças na resistência provocadas por toque mecânico. Os dispositivos desenvolvidos pelos pesquisadores na Georgia Tech se baseiam em um fenômeno físico diferente, minúsculas mudanças na polarização quando materiais chamados piezoelétricos como o óxido de zinco são mudados de lugar ou colocados sob pressão.
A piezoeletricidade está relacionada essencialmente à corrente acumulada em certos materiais sólidos em resposta a estresse mecânico aplicado nestes materiais.
A técnica só funciona em materiais que têm propriedades piezoelétricas e semicondutoras. Estas propriedades são observadas em nanofios e em certas películas finas. "Esta é, fundamentalmente, uma nova tecnologia que nos permite controlar os dispositivos eletrônicos diretamente usando agitação mecânica", afirmou Wang.
"Isto pode ser usado em uma grande variedade de áreas, incluindo robótica, interface entre humanos e computadores e outras áreas que envolvem deformação mecânica", acrescentou. A pesquisa foi publicada na revista especializada "Science".
Cientistas têm tentado imitar o tato humano medindo mudanças na resistência provocadas por toque mecânico (Foto: Georgia Tech Photo/Gary Meek/BBC)Cientistas têm tentado imitar o tato humano medindo mudanças na resistência provocadas por toque mecânico (Foto: Georgia Tech Photo/Gary Meek/BBC)
fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/04/cientistas-criam-pele-inteligente-que-sente-pressao.html

Suplemento alimentar só tem efeito para quem faz atividade física



Consumo indevido pode comprometer os rins e o coração.
O ideal é consultar um médico ou nutricionista antes de usar.

Do G1, em São Paulo
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O consumo de suplementos alimentares cresceu 23% ao longo do último ano no Brasil. Eles são muito usados por quem quer perder peso ou ganhar massa muscular. No entanto, esse poder vai além, e serve também para complementar os nutrientes que a gente nem sempre consegue absorver só com a comida.
Ao mesmo tempo em que podem ajudar, esses suplementos também podem fazer mal à saúde, se tomados da maneira incorreta. Por isso, o ideal é sempre procurar um médico ou um nutricionista antes de começar a consumi-los.
O Bem Estar desta segunda-feira (29) reuniu dicas sobre como usar os suplementos do jeito certo, com as orientações do médico do esporte Gustavo Magliocca e da nutricionista Cristiane Perroni.
Existem vários tipos de suplementos, mas, na maioria das vezes, a composição é bem parecida. Os suplementos mais comuns, como o whey e o BCAA, são formados basicamente por proteínas – com teor muito baixo de gordura, para que não se torne muito calórico.
Os suplementos, em geral, são indicados para atletas, e não adianta nada tomá-los sem fazer exercícios. O suplemento aumenta a quantidade de proteínas no corpo que vão se associar às fibras musculares, mas é a atividade física quem realmente causa o ganho de massa muscular.
De toda forma, quem toma o suplemento deve ter um objetivo específico, porque o que ajuda a ganhar massa muscular não funciona da mesma forma do que é usado para perder medidas.
A melhor hora para tomar o suplemento é até 30 minutos depois da atividade física, porque é neste momento que ocorre o ganho de massa muscular. Para facilitar o processo, o ideal é consumir algum carboidrato junto com o suplemento – um suco de fruta, por exemplo. Aliás, o carboidrato também é indicado antes do exercício, pois é uma ótima fonte de energia.
Se o objetivo é ganhar massa, o exercício mais indicado é a musculação. Se a ideia é perder peso, atividades aeróbicas, como a caminhada, são mais importantes. O suplemento não é indispensável em nenhum dos dois casos, apenas acelera o processo.
Perigo para os rins e o coração
As pessoas que desejam iniciar o uso de suplementos alimentares devem verificar os nutrientes que o constituem e quais são as doses diárias que devem ser consumidas, para evitar os efeitos colaterais do excesso de proteínas no corpo.
Se os suplementos forem consumidos da forma errada, podem acarretar problemas nas funções dos rins e do coração. Outros efeitos indesejados são o suor excessivo, insônia, dor e cansaço e aceleração do batimento cardíaco.
Também é possível que ocorra ganho excessivo de peso, principalmente quando a pessoa toma o suplemento e não faz exercícios o suficiente para queimar toda a energia consumida. O mesmo acontece se a pessoa consumir os suplementos sem mudar a dieta em nada – o consumo de calorias só aumenta.

China registra 24ª morte causada pelo vírus H7N9 da gripe aviária



Segundo agência do governo, novo óbito ocorreu em Xangai.
Maioria dos casos foi registrada no leste do país e um em Taiwan.

Do G1, em São Paulo
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O vírus H7N9 da gripe aviária fez uma nova vítima na China nesta segunda-feira (29), de acordo com a agência estatal de notícias Xinhua, elevando para 24 o número de mortes causadas pela contaminação.
O paciente, de sobrenome Chen, morreu na cidade de Xangai, 12 dias após o início do tratamento. A China já registrou mais de 120 casos de infecção pelo vírus H7N9. A maioria dos casos desde que o novo vírus foi identificado, no fim de março, foi registrada no leste da China, e um em Taiwan, cuja vítima foi infectada no continente.
Especialistas temem uma mutação do vírus para uma forma facilmente transmissível entre humanos, com potencial de gerar uma pandemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse não ter provas da transmissão entre humanos, mas alertou que o H7N9 é "um dos vírus mais letais" da gripe já registrados.
Origem em aves
Um estudo publicado na quinta-feira (25) na revista médica britânica "The Lancet" confirmou que o vírus H7N9 se originou em aves e não há nenhuma evidência da transmissão do vírus entre humanos. "Cientistas na China confirmaram pela primeira vez que o vírus da gripe A H7N9 foi transmitido por aves, especialmente frangos em um mercado de aves, para o homem", indicou em um comunicado o periódico científico.
Depois de uma análise genética do vírus H7N9 encontrado em pessoas doentes e em comparação com o vírus encontrado em uma galinha retirada de um mercado de aves, "os pesquisadores concluíram que as semelhanças entre os vírus isolados sugerem uma transmissão esporádica das aves para pessoas", de acordo com a revista.
A vigilância médica das pessoas que estiveram em contato com pessoas infectadas com o vírus não indicou nada. Ausência de sintomas foi observada nestas pessoas, 14 dias após o início do monitoramento, "sugerindo que o vírus não é atualmente capaz de se transmitir entre seres humanos", indica a revista.
Um dos autores do estudo, o professor Kwok-Yung Yuen, da Universidade de Hong Kong, disse em um comunicado: "No geral, as evidências em termos de epidemiologia e virologia sugerem que a transmissão ocorre apenas de aves para os seres humanos e o controle (da epidemia entre os homens) dependerá do controle da epidemia em aves".
Confirmação do primeiro caso em Taiwan deixou o país em alerta (Foto: Pichi Chuang/AP Photo)Confirmação do primeiro caso em Taiwan deixou o país em alerta (Foto: Pichi Chuang/AP Photo)

fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/04/china-registra-24-morte-causada-pelo-virus-h7n9-da-gripe-aviaria.html

Envelhecimento expõe América Latina ao risco de câncer, diz estudo



Mortalidade da doença na região é maior que em países desenvolvidos.
Médicos sugerem medidas de prevenção para amenizar problema no futuro.

Tadeu MeniconiDo G1, em São Paulo
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O envelhecimento da população latino-americana, que tende a aumentar nos próximos anos, deve provocar também um grande crescimento no número de mortes pelo câncer. A conclusão é de um estudo feito por um grupo por mais de 70 especialistas no tratamento da doença na região, cujos resultados foram publicados pela revista médica “Lancet Oncology” e apresentados em uma conferência em São Paulo nesta sexta-feira (26).

Segundo estimativas usadas pelo estudo, a região deve ter mais de 100 milhões de pessoas acima de 60 anos já em 2020. Em 2030, os especialistas acreditam que o câncer vá matar cerca de 1 milhão de latino-americanos por ano.
Carlos Barrios, professor da Faculdade de Medicina da PUC-RS (Foto: Tadeu Meniconi/G1)Carlos Barrios, professor da Faculdade de Medicina
da PUC-RS (Foto: Tadeu Meniconi/G1)
”As pessoas estão vivendo até a idade onde o câncer vai acontecer”, resumiu Carlos Barrios, professor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), um dos autores do estudo.

A incidência de câncer na América Latina (163 casos para cada 100 mil pessoas) ainda não é tão grande quanto em regiões mais desenvolvidas, como a União Europeia (264 casos para cada 100 mil pessoas) ou os Estados Unidos (300 casos para cada 100 mil pessoas).

No entanto, a taxa de mortalidade pela doença é mais alta na América Latina, o que é o maior motivo de preocupação dos especialistas do Grupo Cooperativo de Oncologia da América Latina (Lacog, na sigla em inglês).  Na América Latina, 59% dos pacientes com câncer morrem, número que cai para 43% na União Europeia e para 35% nos EUA.

Assim, a região precisa se adaptar ao envelhecimento da população e reduzir o número de mortes pelo câncer para evitar que a doença se torne um problema ainda mais grave para a sociedade.

“Essa é uma epidemia particular, porque o câncer leva muito tempo para se desenvolver”, lembrou Barrios. “O que nós estamos tentando fazer aqui é chamar a atenção para alguma coisa que vai acontecer daqui a dez, quinze ou vinte anos de muito sério”, argumentou.

Causas
O combate ao câncer em longo prazo passa, principalmente, pela prevenção da doença em suas diferentes formas. As principais causas de câncer na América Latina mostram uma região dividida internamente. De um lado, o envelhecimento, a obesidade e o sedentarismo são responsáveis pelo aumento do número de casos. De outro, a fumaça liberada pelo uso de lenha na cozinha e no aquecimento ainda é um causador importante de câncer, assim como a bactéria H. pylori, prevalente em locais onde os alimentos não são devidamente refrigerados.

De toda forma, os principais alvos dos médicos são velhos conhecidos e também fazem parte da sociedade moderna: o álcool e, principalmente, o tabaco. Agentes infecciosos como vírus do papiloma humano (HPV) e o vírus da hepatite B também estão entre os fatores de risco registrados pelo estudo.

A disparidade do investimento feito no combate e no tratamento do câncer é clara. Para cada paciente latino-americano que recebe um novo diagnóstico de câncer, existe um gasto médio de apenas US$ 7,92. Nos EUA, o investimento no mesmo paciente seria de US$ 460.

Diagnósticos
Ainda que a América Latina jamais chegue aos números dos Estados Unidos, que têm de longe o maior gasto do mundo no setor, é preciso aplicar os recursos com inteligência. Segundo os especialistas do Lacog, a prioridade deve ser o investimento em novos diagnósticos de câncer.

“O câncer é muito mais mortal nesta região que nos Estados Unidos ou na Europa Ocidental. Achamos que a principal causa para isso é que os pacientes apresentam câncer em estado avançado. Então, na verdade, já é tarde demais para curar ou fazer intervenções”, apontou Paul Goss, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos EUA, que liderou o trabalho.

Para isso, a região precisa resolver um problema em relação ao número de especialistas – e à sua distribuição. O Peru é um caso emblemático. Para cada 100 mil habitantes, existe apenas 0,67 médico treinado para tratar um paciente com câncer; nos EUA, esse número é de 3,75 médicos para cada 100 mil pacientes. Além disso, 85% dos oncologistas peruanos estão concentrados na capital Lima, e 20 dos 25 departamentos do país não contam com nenhum especialista na doença.


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Vacina do sapo é usada como remédio, mas pode até matar



A substância retirada de um anfíbio da Amazônia, usada pelos índios em rituais xamânicos e pelos caboclos como remédio, foi proibida pela Anvisa. 

Remédio ou veneno? Uma substância extraída de um sapo da Amazônia vem sendo usada como um suposto remédio pra várias doenças. Só que na verdade pode até matar. A polícia investiga quem está por trás desse comércio proibido, como mostra agora o repórter Marcelo Canellas.

Maravilha curativa? “O kamboa é um depurativo da limpeza do sangue, da pele, corta tipo de diabetes, colesterol, problema de doenças infecciosas. Ele vai curando tudo”, explica o ambulante José de Sousa.

Ou um veneno mortal? “Ele tomou o negócio e, em um minuto ou dois, ele passou mal, foi para o banheiro, evacuou e enfartou no banheiro, lembra uma testemunha.

Uma substância retirada de um anfíbio da Amazônia - usada pelos índios em rituais xamânicos e pelos caboclos como remédio - foi proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Conhecida como vacina do sapo, ela é objeto de uma investigação policial que envolve contrabando, biopirataria e até a morte de uma pessoa.
Estivemos no oeste do estado do Amazonas, a caminho de Atalaia do Norte. No local não há quem ao menos não tenha visto os poderosos efeitos da vacina do sapo.

“Já vi, mas não tive coragem, porque a pessoa passa mais de vinte minutos fazendo efeito, o negócio lá”, diz o taxista Raimundo Falcão. Ele conta que já levou muita gente ao local.
O táxi nos leva a um aldeamento dos índios marubos. Eles acabam de chegar da mata. Eis o famoso kambô, kampô ou kamboa, como é chamado dependendo da região da Amazônia, cujo nome científico é philomedusa bicolor.
“Ele tem hábito noturno, então de dia parece que fica meio molinho. Os índios amarram as patas do bichinho e o esticam entre duas estacas.

O pajé raspa levemente o corpo do animal para extrair o veneno. Ao fim da retirada, os índios devolvem o bicho à mata. A substância pastosa é colocada numa palheta de madeira. Os marubos tomam a vacina desde cedo.
 
O pajé usa um pedaço de cipó incandescente para queimar a pele do garoto. Depois, aplica a secreção diretamente na queimadura. O veneno entra na corrente sanguínea e começa a agir. Sabendo que vai passar mal em poucos segundos, o garoto corre para a beira do rio. A irmã dele, Neidilene Marubo, tenta ajudá-lo. “Ele está se sentindo tonto. Sente a cabeça rodando e dá vontade de vomitar”, conta.
Em seguida, é ela quem toma a vacina. “Tenho medo, mas tem que tomar para tirar a preguiça e poder trabalhar”, diz Neidilene.
Eles acreditam em poderes mágicos. Tomando a vacina, os homens se tornam caçadores hábeis. As mulheres ganham destreza para o artesanato.
E todos sentem o mesmo desconforto. São poucos minutos e o efeito é quase imediato. Apesar desse sofrimento todo, os índios vivem assediados por gente que vem de longe em busca da secreção. Horácio Marubo de Oliveira revela: “Já veio gente de vários lugares, estrangeiros”.
“Nos preocupa muito na Funai a venda desse conhecimento agregado também, o conhecimento xamânico do povo marubo, como vocês estão aqui entrevistando eles”, afirma o coordenador regional do Vale do Javari Bruno Pereira.
A Funai já recebeu dezenas de denúncias: estrangeiros estariam comprando o veneno do kampô em várias partes da Amazônia.
Fantástico: O estado brasileiro teria como fiscalizar isso e impedir a retirada dessa substância?
Bruno: É como procurar uma agulha num palheiro. Qualquer turista com acesso a essa região pode chegar aqui facilmente e conseguir um mateiro, independente de ser índio ou não, e ter acesso ao sapo.

No Acre, o assédio é sobre os kashinawás. Quem os procura? “Eles são brancos, altos e outra língua, a pessoa não entende a língua deles. Vêm à procura da palheta com o veneno. E vêm outras pessoas pra traduzir a língua deles”, conta o agente de saúde Nonato Kashinawá.
Só na aldeia dele, já saíram muitas palhetas. “Venderam mais de cem palhetas já”.

Tudo por causa da fama nunca comprovada de remédio potente capaz de curar da dor de cabeça ao diabetes.
É justamente esse mistério que envolve as supostas propriedades medicinais da vacina do sapo que atrai pessoas de outras regiões do Brasil e até do exterior. A Polícia Federalmonitora o movimento de estrangeiros que estariam assediando índios e caboclos em busca da secreção extraída do animal.

Com a ajuda da Embrapa, que desenvolveu um método para identificar a secreção, os peritos conseguiram analisar o material apreendido. “Todas, até o momento, que chegaram com a suspeita, ela foi confirmada. Era a vacina, a secreção da philomedusa bicolor”, afirma o perito da PF César Silvino Gomes.
A investigação corre sob sigilo, mas a polícia já ouviu as primeiras testemunhas. “Algumas pessoas, inclusive estrangeiros, que estariam extraindo produtos oriundos do sapo. Há notícias de que essas pessoas estariam, inclusive, enviando ao exterior esse material”, conta a delegada Anne Vidal Moraes.
Qual a razão dessa procura? Quais seriam os efeitos medicinais de uma substância tão agressiva?

O biólogo do Instituto Butantan de São Paulo Carlos Jared esclarece: “Vacina do sapo! Eu sempre falo: não tem outro nome de falar, mas é totalmente errado. Porque não é vacina. E também não é sapo”.

O professor explica que o kampô é, na verdade, uma perereca. E que a secreção que ela libera é um veneno com centenas de componentes.
“Você tem um monte de contraindicações que seriam as substâncias do caldeirão da bruxa, que é a glândula de veneno da perereca. Tem substância que causa vômito, que causa diarréia, e outras tantas substâncias, que é exatamente o problema, que não se conhece. Esse caldeirão da bruxa é muito pouco conhecido”.
Cruzeiro do sul, Acre. Campus da Universidade Federal. Um pesquisador estuda o kampô há sete anos. O biólogo Paulo Sérgio Bernarde é fascinado pela philomedusa bicolor.
“Tem umas ventosas, almofadas digitais. Praticamente ele escala”, explica.

Para ele, a aplicação medicinal da vacina ainda é um mistério: “Nós não sabemos ainda, cientificamente, qual é o benefício da aplicação do veneno bruto em uma pessoa”.

O professor já tomou dez doses da vacina. “A primeira vez foi curiosidade científica. Eu tinha que experimentar”, explica Paulo Sérgio.
Ele está indo tomar sua décima primeira. E, desta vez, vai monitorar seus batimentos cardíacos.

“O batimento cardíaco está 76. Esse vai ser o melhor indicativo para gente ver a alteração durante o processo. Ele vai queimar a minha pele no ombro. Ele coloca bem no local dos pontos das queimaduras. Agora a reação vai ser praticamente imediata. A gente já percebe que tem alguma coisa estranha no corpo. Você sente um calor agora percorrendo o corpo, O batimento cardíaco foi para 117. Agora começou a outra parte também desagradável da aplicação, que é uma dor no estômago. Eu devo estar vermelho, o olho deve estar ficando vermelho, inchado. A dor  na região do estômago  está aumentando. Como se o corpo inteiro formigasse”, descreve o professor.
Só vinte minutos depois os batimentos cardíacos começam a cair. “Está 100, está voltando ao normal”.
Não deixa de ser muito estranho que as pessoas procurem tanto isso para passar tão mal. O professor completa: “Eu até brinco: nos primeiros cinco minutos você pensa que vai morrer, com dez minutos, você tem certeza!”

Em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, a morte veio de verdade. “Chamaram o resgate e ele morreu lá mesmo. Quando o resgate chegou ele já estava morto”, lembra uma testemunha.

O irmão deste homem morreu em 2008, minutos depois de receber a vacina. Quem aplicou foi um comerciante que trouxe uma palheta do Acre. “Diz que sarava colesterol, diabetes, até câncer. Na hora que ele teve a aplicação e começou a acelerar o batimento cardíaco dele”, conta.

O comerciante foi embora da cidade. Denunciado por curandeirismo, e com direito de permanecer em liberdade, ele ainda está sendo processado. Embora a necropsia não tenha detectado nenhuma substância estranha no corpo da vítima, a polícia acredita que foi a vacina que a matou.

“Não pelo veneno, mas sim pelos efeitos. Se ele tivesse uma pré-doença, uma pré-doença cardíaca, e ele tem o aumento significativo da pressão e do batimento cardíaco, isso pode levar a um infarto, que foi a causa indicada como morte”, explica o delegado Vicente Lagioto.
“O kambô é milenar e ocorreu uma morte. E a gente não reclama das mortes que acontecem todos os dias nos hospitais. Acho que a proporção é injusta falar que o kambô gerou uma morte”, diz um psicoterapeuta. Quem defende a aplicação da vacina do sapo como método da chamada medicina da floresta é o terapeuta Amir El Aouar.
“Eu não sou médico. Eu sou psicoterapeuta de formação na linha transpessoal, da psicologia transpessoal, que é uma coisa pouco conhecida no Brasil, mas largamente difundida no mundo afora”, explica Almir.

Ele nos recebe numa casa ampla, na Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo. “Eu não só recomendo como faço uso e sinto os benefícios. Justamente por sentir esses benefícios é que eu recomendo”.

Amir diz que elimina os riscos ao monitorar pessoalmente os pacientes: “A capacidade no âmbito psicoterapêutico e uma avaliação através de perguntas se a pessoa está usando determinado tipo de medicamentos, a gente já não corre o risco”.

E nos apresenta dois aplicadores de kampô, que vieram do Acre: Francisco e Francisca. Todos sabem que a Anvisa proibiu a venda da vacina do sapo, no que dizem estar de acordo.
“Ocorreu de venderem uma palheta de kambô a R$ 18 mil aqui. Já aconteceu isso, e a gente não admite esse tipo de coisa”, diz Almir.

E, para não infringir as regras da Anvisa, propõe demonstrar a aplicação em uma pessoa conhecida. A atriz Anna Fecker é nora de Francisco e Francisca. Ela já tomou a vacina várias vezes.
“O kambô vai buscar no seu organismo o que está errado e aí ele vai consertando, entendeu?”. Sob a supervisão de Amir, Anna toma uma dose.

“As pessoas confundem o passar mal com essa reação, que a é uma reação natural do tratamento”, esclarece o terapeuta.

Depois, o próprio Amir recebe a sua. “Sagrada medicina cura. Minha mão já começa a formigar. Sagrada medicina cura, desvela o ser e cura”, canta. Com o complemento do rapé e de um colírio feito com uma raíz da Amazônia.

Em Brasília, a Anvisa informa que, não apenas o comércio, mas o uso terapêutico de uma substância sem registro oficial é proibido.

“O que a legislação sanitária prega é que qualquer insumo que você não tenha conhecimento da procedência dele, que não tenha nenhuma garantia da eficácia terapêutica, a recomendação é de que não seja utilizado”, explica José Agenor Alvares da Silva, da Anvisa.

Perguntado se não tem receio de, ao recomendar a pacientes em São Paulo, ele possa estar cometendo alguma ilegalidade em função dessas proibições, Almir esclarece: “Na verdade, eu, particularmente, não recomendo que seja feito a aplicação aqui em são Paulo. Eu recomendo que ela seja feita no Acre”.
Para a polícia de São Paulo, qualquer terapia que use a vacina do sapo está fora da lei.
“Às vezes, para a população se vende assim: esse produto é natural, então eu posso tomar, isso não vai fazer mal para mim. E não é assim. Na natureza, essa substância tem uma função de veneno”, alerta o delegado Vicente Lagioto.